A estimativa para colheita de café em Minas Gerais caiu quase 20% devido a problemas climáticos enfrentados pelos produtores nos últimos meses, como geada, seca e também excesso de chuva em algumas regiões.Segundo a Empresa de Assistência Rural de Minas Gerais (Emater), a expectativa inicial, neste ano, era de que fossem colhidos cerca de 33 milhões de sacas. A nova previsão é de uma safra de 26 milhões de sacas. O café é um dos principais geradores de renda no estado. O grão é cultivado em mais de 600 dos 853 municípios mineiros, sendo a principal atividade econômica em 340 deles. Cerca de 4 milhões de empregos são gerados em toda a cadeia do setor. Os produtores iniciam a colheita neste mês de maio. O gerente do Departamento Técnico da Emater, Bernardino Cangoussu, explica que a produção é bianual: de dois em dois anos há uma grande safra, que costuma dar fôlego para os produtores. Neste ano, era esperada uma colheita maior, para compensar os produtores, o que não ocorreu. “A gente esperava uma safra muito grande. Com os preços atuais bons, era uma safra de recuperação do produtor (…) Então, o produtor investiu muito para este ano e, com essas questões climáticas, ele acabou tendo uma frustração muito grande. Quer dizer, era uma safra alta para o cafeicultor se recuperar, e veio essa confusão climática que é até difícil de explicar: a gente está falando de seca, geada e chuva num prazo de quatro meses”, diz Cangoussu. Quem está colhendo está tirando menos do que esperava, e os grãos também estão em pior qualidade, devido a essa sequência de problemas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a dezembro do ano passado, o custo do café para os consumidores subiu 56%. O economista e colunista da CBN, Paulo Pacheco, diz que, com esses problemas, o valor pode crescer ainda mais. “Vai subir. Existe uma pressão de alta. O Brasil é quase 40% do comércio de café do mundo. Então, o que acontece aqui, primordialmente em Minas Gerais, reflete no mundo inteiro. Se Minas Gerais fosse um país, seria o maior produtor mundial de café (…) Então, é o preço internacional do café, que não tem como a gente mexer, versus a oferta, que está menor, e o Brasil é causador disso, dólar e os custos da indústria”, explica. (Fonte: G1 Sul de Minas).