“Desordem”, “falta de planejamento” e “erro”. Especialistas ouvidos pelo G1 analisam de forma negativa um dos aspectos das primeiras semanas da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. O alvo da crítica são as cidades que passaram a vacinar profissionais da área de saúde que não atuam na linha de frente do combate à pandemia. Biólogos, psicólogos e educadores físicos, entre outros profissionais, ganharam prioridade em locais onde as doses não começaram a chegar aos idosos. Nesta segunda-feira (8), mais de duas semanas depois de lançar a segunda versão do Plano Nacional de Imunizações (PNI), o Ministério da Saúde enviou um alerta aos secretários de saúde: é preciso seguir os grupos prioritários. Trabalhadores de saúde em geral que não atuam diretamente contra a Covid-19 não devem ser vacinados agora. A falta de clareza chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que o governo defina uma ordem de preferência, entre os grupos prioritários, para orientar a vacinação contra a Covid-19. Dar prioridade a públicos-alvo e ter clareza em quem deve ser vacinado em cada fase é o norte que delimitou, por exemplo, o plano de vacinação no Reino Unido. Lá, a fila anda conforme o risco de mortalidade. O Ministério da Saúde do Brasil buscou o mesmo critério britânico, mas o plano lá é mais objetivo ao delimitar a ordem da vacinação e não cita os profissionais da saúde de forma ampla.”A nossa proposta inicial era que pessoas do grupo de maior risco à infecção – no caso os idosos e os profissionais da saúde da linha de frente – fossem imunizados juntos no primeiro momento. Agora, por conta da falta de vacina, eles não estão sendo vacinados”, explica o infectologista Marcelo Otsuka. “Os municípios que estão vacinando esses grupos [qualquer profissional que não faça parte da linha de frente] estão fazendo errado”, afirma Otsuka. Para o infectologista Renato Grinbaum, da Sociedade Brasileira de Infectologia, diante da escassez, é preciso seguir os critérios técnicos. “Temos que ter uma comissão de técnicos, sem interferência política, que seja capaz de escolher quais são as áreas de maior risco à doença. Essa prioridade pode mudar de local para local, mas o primeiro grupo a ser vacinado deve ser sempre o que está apresentando o maior número de óbitos e os profissionais da saúde que trabalham na linha de frente”, diz Grinbaum. (Fonte: Laís Modelli, G1).